Santa Mãe Sri Sarada Devi - parte 39

20.09.23 04:07 AM By Curitiba Centro Ramakrishna Vedanta

Vislumbres de Sua Natureza Divina

Compilador: Swami Prajnatmananda

Publicado em 28/09/2023  -  22:00

Este artigo é a transcrição de uma palestra ministrada pelo Swami Prajnatmananda.

A Santa Mãe foi a manifestação da Mãe Divina em forma humana, para cumprir uma missão divina. Desde seu nascimento, notamos muitos fatos proclamando sua natureza divina. Sua conduta e ações também eram divinas, mas ela costumava esconder sua divindade. Ela estava cercada por sua família, monges e devotos e se comportou como uma mulher comum.  No entanto, ela não conseguiu esconder sua divindade completamente e ela mesma revelou sua verdadeira natureza para alguns dos discípulos e devotos próximos.  Já narrei muitos acontecimentos a esse respeito durante minhas palestras anteriores.  Vou mencionar mais alguns deles, como ouvimos de algumas pessoas próximas a ela.  É também um fato que conhece-la como a Mãe do Universo fortalecerá ainda mais nossa fé e confiança nela.

 

A Santa Mãe disse a Sarayubala Sen, uma devota íntima: "As pessoas me chamam de Bhagavati, a Deusa Suprema. Acho que deve ser assim. Tantas coisas incríveis aconteceram na minha vida! Golap e Yogin são testemunhas desses eventos. Se eu pensar: 'Que isso aconteça, ou eu comerei isso', imediatamente Deus faz essas coisas acontecerem."  Um dia, a Santa Mãe se referiu a Sri Ramakrishna como Bhagavan, o Deus Supremo. Um discípulo perguntou-lhe: "Se o Mestre é Bhagavan (Deus), então o que você é ?". "Quem mais sou eu ?", a Santa Mãe respondeu sem qualquer hesitação. "Eu sou Bhagavati, a Mãe Divina do Universo."

 

Alguém perguntou: "Mãe, suas relações têm uma associação tão próxima com você. Por que eles não ganham qualquer sabedoria espiritual ?”. A Santa Mãe respondeu: "Eles são como bambu e árvores de sumaúma. Elas podem crescer perto de uma árvore de sândalo, mas elas não têm sua essência”. Uma mulher devota perguntou: "Por que não podemos te perceber como a Mãe Divina ?". A Santa Mãe respondeu: "Todo mundo pode reconhecer divindade ? Havia um grande diamante em um lugar de banho. As pessoas pensaram que era uma pedra comum e esfregaram as solas de seus pés contra ela, depois de terminar seus banhos, para remover a pele seca. Um dia um joalheiro foi lá, viu a pedra preciosa, e imediatamente percebeu que era um diamante valioso".

 

Swami Arupananda pensou que se Sri Ramakrishna era Deus Supremo, então a Santa Mãe deve ser a Mãe do Universo. Ela deve ser a mesma que as consortes divinas, como Sita e Rama, Radha e Krishna. Então, ele perguntou a Santa Mãe: "Se é assim, então por que eu vejo você preparando chapatis (pão sem fermento) como uma mulher comum ? É maya (ilusão), eu presumo. Não é assim ?”. Mãe: "É maya de fato. Por que, caso contrário, eu deveria estar neste estado ? Eu poderia estar em Vaikuntha (a morada de Deus) sentada ao lado de Narayana como Lakshmi." Então ela continuou: "Você vê, Deus ama divertir-se como um ser humano. É por isso que Krishna nasceu como um menino vaqueiro e Rama como um filho de Dasharatha." Swami Arupananda: "Você se lembra de sua verdadeira natureza ?". Mãe: "Sim, de vez em quando eu me lembro. Nessas horas eu digo a mim mesma: "O que é isso, que eu estou fazendo ?". Então eu olho para a casa, crianças e outros membros da família e esqueço meu verdadeiro eu".  Caso contrário, seria impossível para ela permanecer neste mundo e levar uma vida normal como nós. 

 

A Santa Mãe era tão humilde e modesta que ela não suportaria se alguém a elogiasse como Mãe Divina. Swami Arupananda relembrou: "Uma manhã eu estava lendo em voz alta para Santa Mãe e para vários devotos na varanda de seu quarto em Jayrambati. Eu estava lendo a vida de Sri Ramakrishna intitulada "Ramakrishna Punthi" ("Um Retrato de Sri Ramakrishna"), escrito em poesia. No capítulo sobre seu casamento com Sri Ramakrishna, a autora (Akshay Kumar Sen) elogiou-a muito e se referiu a ela como a "Mãe do Universo". Enquanto eu lia essa passagem, Santa Mãe deixou a varanda.

 

Sarala foi uma discípula da Santa Mãe que a serviu.  Tornou-se monja e recebeu o nome de Pravrajika Bharatiprana.  Mais tarde, tornou-se a primeira presidente da Sarada Math, o mosteiro destinado às senhoras e serviu muitos anos.  Algumas de suas reminiscências sobre a Santa Mãe são muito valiosas.  Certa vez, uma monja perguntou a Pravrajika Bharatiprana sobre suas experiências com a Santa Mãe. Ela permaneceu em silêncio por algum tempo e então disse: "Eu sabia e senti a Santa Mãe como minha própria mãe. Eu não estava ciente de sua divindade. Um dia, a Santa Mãe banhou-me com sua graça e revelou um vislumbre de sua verdadeira natureza. Ela estava secando o cabelo no telhado da Casa Udbodhan. Fui lá para fazer um trabalho, e ela me pediu para trazer flores. Quando as trouxe, a Mãe indicou que eu deveria oferecer essas flores aos pés dela. Ao fazer isso, vi que o corpo da Mãe se tornou grande. Fiquei perplexa e não confiava nos meus olhos. Oprimida por essa visão divina, ofereci aquelas flores aos pés dela e prostrada completamente. Depois de um tempo a Mãe assumiu sua forma normal. Só então percebi que a Mãe do Universo havia se manifestado na Santa Mãe".

 

Um dia, Swami Tanmayananda perguntou a Santa Mãe: "Mãe, se assim desejar, você pode facilmente me mostrar o Mestre." Santa Mãe disse: "Quando o Mestre tocou Naren [Swami Vivekananda] pela primeira vez, ele ficou tão assustado que gritou. Pratique disciplinas espirituais e verá o Mestre". Swami Tanmayananda disse: "Qual é a necessidade de disciplinas espirituais para uma pessoa que tem um guru competente como você ?". A Santa Mãe explicou: "Sim, isso é verdade. Mas você vê, pode-se ter todos os tipos de comida em casa, mas deve-se cozinhar e comer a comida. Aquele que cozinha mais cedo, recebe sua comida mais cedo também. Alguns comem de manhã, outros à noite, e outros passam fome porque são preguiçosos demais ou têm medo de cozinhar."

 

Um dos discípulos dela, Shailabala perguntou a Santa Mãe: "Você me instruiu sobre como repetir o mantra do Mestre, mas como devo pensar em você ?". A Mãe respondeu: "Você pode pensar em mim como Radha, ou de qualquer outra maneira que atraia sua mente. Será suficiente se você pensar em mim, mesmo como sua mãe.”

 

Alguns dos parentes da Santa Mãe eram realmente espirituais.  Uma vez, a Santa Mãe estava viajando de Kamarpukur para Jayrambati. Shivaram, sobrinho do Mestre, era então um menino. Ele estava viajando com a Santa Mãe e carregando seu pacote. Quando se aproximaram de Jayrambati, Shivaram pensou em algo e parou. A Mãe ficou surpresa e pediu que ele continuasse se movendo. Em seguida, a conversa seguinte ocorreu:

Shivaram: "Eu me moverei, só se você me disser algo."

Mãe: "O quê ?"

"Você vai me dizer quem você é ?"

"Quem mais sou eu ? Eu sou sua tia.”

"Então você pode ir sozinha. Você está perto de sua casa. Eu não vou com você.”

"Não seja bobo. Quem você pensa que eu sou ? Eu sou um ser humano, sua tia.”

"Muito bom. Então por que você não vai sozinha ?”

O sol estava prestes a se pôr. Vendo Shivaram parado no prado, Santa Mãe disse: "As pessoas dizem que eu sou Kali." Shivaram: "Você é realmente Kali ? É verdade ?”

"Sim", respondeu a Santa Mãe.

Shivaram estava feliz e disse: "Vamos então."

Mais tarde, Shivaram disse a Brahmachari Barada: "Irmão, a Santa Mãe é a Deusa Kali. Ela pode mudar o destino humano. Pode-se alcançar a liberação por sua graça. Me entende ? Irmão, você é abençoado. Segure-se nela firmemente.”

 

Uma vez, a Santa Mãe estava sentada, em pensamento profundo.  Seus olhos estavam bem abertos, mas distantes. Em um estado abstrato, a Santa Mãe disse a Ashu, seu atendente: "Esta jornada repetida para a terra ! Não há como escapar disso ? Onde quer que haja Shiva, há Shakti (Seu Poder). Eles estão sempre juntos. É o mesmo Shiva de novo e de novo, e o mesmo Shakti também. Sem fuga. As pessoas não entendem o quanto o Mestre sofreu por causa deles. Todas essas austeridades ! Ele precisava delas para ele ? Ainda assim, ele as executou para o bem-estar das pessoas. Eles mesmos podem praticar disciplinas espirituais ? Onde está o poder, o vigor neles ? É por isso que o Mestre fez tudo isso. 


A Santa Mãe perguntou: "Você conhece essa música ?”. Ashu perguntou: "Qual delas?"

Mãe: "'Eis, que o Deus dos humildes, veio para o humilde !'. Realmente meus filhos são mendigos. Ele pode ficar parado se chamarem a Mãe ? De uma vez o Deus desce. Ele desce de novo e de novo. É a mesma lua que brilha noite após noite. Sem fuga. Ele está nas garras de Suas criaturas. Eles são dele. Quem cuidará deles se Ele não cuidar ? O Mestre disse: "Sempre que você me chamar, eu vou aparecer diante de você." Lembre-se disso e nunca esqueça. Se você chamá-lo, você também vai perceber Ele. Ele é a Árvore que Realiza Desejos (Kalpataru)".

Ashu disse: "Só conheço minha Mãe, e ninguém mais..." 

A Santa Mãe continuou: "É o Mestre que ensinou o nome da Mãe. As pessoas sabiam antes que Deus é Mãe ? É a criação dela. Ela dá à luz a todos os seres e novamente os engole. Engolir significa dar liberação. É tudo seu esporte, seu jogo.” Ela estava tentando explicar que, foi Sri Ramakrishna que tentou reviver a antiga ideia de adorar a Mãe Divina, nos últimos tempos.

 

Alguns dos discípulos e devotos da Santa Mãe viram nela diferentes formas da Mãe Divina, incluindo Bagala, Kali, Jagaddhatri, Sita, Radha, e assim por diante. Ela tomou essas formas por compaixão ou por necessidade, mas nunca para demonstrar seu poder.

 

Um devoto chamado Manoranjan de Noakhali, Bangladesh, foi aconselhado por Mahendranath Gupta, M, a encontrar a Santa Mãe em Jayrambati.  Mais tarde, Manoranjan relembrou: "Assim que cheguei, a Santa Mãe perguntou: 'Você quer iniciação espiritual ?'. Eu respondi: 'Mãe, eu não sei nada sobre isso. Faça o que quiser. Apontando para o lago Punyapukur, a Santa Mãe disse: "Vá, tome um banho naquele lago e depois volte." Eu mergulhei às pressas no lago e voltei para a Mãe. M me disse para levar comigo um pano fino, de borda vermelha, uma rúpia e algumas flores de hibisco e eu ofereci tudo à Mãe. A Mãe me iniciou com um mantra e me ensinou a repeti-lo em seus próprios dedos. Apontando para a foto do Mestre, ela disse: "Ele é sua Ishta, sua Divindade Escolhida". Depois da iniciação, me curvei à Mãe. Quando levantei a cabeça, não a vi. Em vez disso, vi claramente a Mãe Kali sentada no lugar da Santa Mãe. Mais uma vez, eu caí aos pés dela, e depois perdi a consciência externa.

 

A Santa Mãe tinha reumatismo em seus pés e seus discípulos massageavam seus pés com óleo medicinal.  Uma vez, a Santa Mãe estava sentada perto de sua sobrinha doente Radhu, que estava dormindo.  Um de seus discípulos, Swami Haripremananda, estava com a Santa Mãe.  Naquela época, a Santa Mãe estava idosa. Swami Haripremananda lembrou mais tarde: "Sozinho, comecei a massagear suavemente os pés da Mãe. Estavam enrugados e secos. Além disso, seu corpo era então fraco e magro. Enquanto massageava seus pés, surgiu uma pergunta em minha mente: 'Será que a Santa Mãe é verdadeiramente Mãe do Universo? Poderia a Mãe Divina ter pés tão enrugados com veias visíveis ?”. Embora a pergunta estivesse em minha mente, eu não a expressei. Continuei massageando os pés dela. Gradualmente, uma mudança misteriosa ocorreu. Eu senti que seus pés não eram mais os pés magros de uma velha senhora, eles eram os pés bem desenvolvidos de uma jovem senhora. Havia uma luminária nas proximidades e, na luz, eu claramente vi dois belos pés delineados com uma listra de pigmento vermelho, dedos dos pés totalmente desenvolvidos e próximos um do outro, e requintadas unhas dos pés em forma de meio crescente. Eles também eram adornados com tornozeleiras douradas cravejadas de pedras preciosas e joias. Eu me perguntava de quem eram esses pés que eu estava massageando ! Espantado e perplexo, eu lentamente mudei meu olhar dos pés da Mãe para seu rosto. Eu vi a forma da Deusa Jagaddhatri com uma pele dourada, três olhos e quatro braços, adornados com muitos ornamentos. Ela usava uma coroa na cabeça e segurava armas nas mãos. Um magnífico brilho emanado de seu corpo. Antes que eu pudesse ver essa forma completamente, eu perdi a consciência externa, dizendo: 'Maa, Maa', Mãe, Mãe." Não sei quanto tempo fiquei nessa condição. Quando recuperei a consciência, encontrei a Santa Mãe acariciando minhas costas com a mão e dizendo: 'Ó Hari, O Hari, o que aconteceu com você ? Levante-se, levante-se !’. Levantei-me e vi novamente a velha e magra Mãe, olhando para sua sobrinha doente. Esta é nossa Mãe do Universo - Mãe Sarada - a consorte espiritual de Bhagavan Sri Ramakrishna ! Jai Maa ! Jai Guru ! Vitória para a Mãe ! Vitória para o Mestre !”.

 

Swami Arupananda (Rashbehari Maharaj), que estava envolvido nas atividades de serviço social da Missão Ramakrishna, narrou o seguinte fato.  Ele perguntou a Santa Mãe: "Mãe, devo passar minha vida inteira dessa forma - construindo casas, comercializando, mantendo contas, etc. ? O que ganho com esse trabalho ?”. A Santa Mãe calmamente respondeu: "Bem, meu filho, o que mais você quer fazer ? Para esta época, Naren (Swami Vivekananda) ensinou essas obras como meios de realização de Deus. Se você realizar este trabalho sem qualquer interesse e como adoração, você alcançará a liberação. O que mais você quer fazer ? O Senhor aparecerá diante de você se for para as montanhas e florestas e sentar-se lá de olhos fechados ? Existe algum caminho melhor do que o caminho de ação que foi delineado por Naren (Swamiji) ? Enquanto trabalha, pense que você está trabalhando apenas para Deus e está servindo a Ele. O trabalho que você está fazendo aqui é realmente meu trabalho. Rasbihari, olhe para mim.” Swami Arupananda olhou para o rosto da Santa Mãe e viu uma deusa luminosa sentada à sua frente no lugar da forma simples e idosa da Mãe. Toda a sua forma estava radiante com uma luz fulgurante. Ele não podia continuar olhando para essa forma luminosa. Atingido com admiração e medo, ele fechou os olhos. Imediatamente ele ouviu a voz familiar da Mãe chamando-o: "Ó Rasbihari, o que aconteceu com você ? Por que fechou os olhos ? Olhe para mim”. Swami Arupananda abriu os olhos e viu a Santa Mãe sentada na frente dele como antes — o mesmo olhar familiar com o sorriso doce habitual em seu rosto.

 

Vaikuntha de Bankura era um médico alopático.  Mas mais tarde ele começou a praticar homeopatia porque era menos caro para as pessoas pobres, que não podiam comprar medicamentos alopáticos. Ele era um médico de renome e sucesso e a Santa Mãe tinha uma tremenda fé nele. Ele costumava colocar a primeira dose de remédio na língua do paciente e, em seguida, dar ao paciente o resto das doses em pequenos pacotes para tomar mais tarde. Uma vez, a Santa Mãe estava sofrendo de disenteria no Jagadamba Ashrama, em Koalpara. Vaikuntha veio de Bankura para tratá-la. Ele abriu sua caixa de medicina homeopática e veio para colocar uma gota de remédio na língua da Mãe. Mas quando ele estava prestes a administrar o medicamento, ele ficou confuso e perplexo. Ele continuou olhando para o rosto da Mãe. A Mãe disse: "Ó Vaikuntha, me dê o remédio." Vaikuntha ficou assustado e sua mão começou a tremer. Em vez de deixar cair o remédio na língua dela, ele colocou o frasco de remédio de volta na caixa e prostrou-se aos pés dela. A Mãe perguntou: "O que aconteceu, Vaikuntha ? Você não vai me dar o remédio ?”. Ainda tremendo, Vaikuntha disse: "Sim Mãe, eu vou dar o remédio. Mas o que eu vi, Mãe ?”. Sem responder à pergunta, ela mudou de assunto e disse: "Meu filho, estou sofrendo de disenteria. Por favor, me dê um pouco de remédio rapidamente”. Vaikuntha colocou um pouco do remédio na mão da Mãe e pediu-lhe para engoli-lo. Mais tarde, Vaikuntha disse que tinha visto o rosto da deusa Jagaddhatri no rosto da Mãe, então ele não se atreveu a colocar remédios diretamente em sua boca. Depois, ele sempre dava remédios à Santa Mãe em pequenos pacotes de papel. Vaikuntha mais tarde se tornou um monge e passou a ser conhecido como Swami Maheshwarananda.

 

Um devoto uma vez perguntou a Santa Mãe: "Mãe, alguns dizem que você é Kali, alguns dizem que você é Durga, e outros dizem que você é Jagaddhatri. Eu vou acreditar, se você mesma disser quem você é." Santa Mãe respondeu: "Sim, meu filho, o que essas pessoas dizem - eu sou isso".

 

Aqueles que eram puros, simples, sinceros e dedicados, entendiam a natureza extraordinária da Santa Mãe, até certo ponto.  Mas a maioria dos aldeões de Jayrambati não conseguia entender sua divindade ou verdadeira grandeza.  Então, ela comentou: "Essas pessoas não podem entender quem eu sou."

 

Uma vez Sarayubala disse sobre a Santa Mãe a um devoto: "Muitos de nós abordamos a Santa Mãe como a Mãe Divina do Universo, mas só Deus sabe a profundidade de nossa convicção. Quando céticos como nós proclamam sua divindade, é como um papagaio." Ouvindo isso, a Santa Mãe sorriu e disse: "Você está certa, minha filha." Sarayubala continuou: "A Santa Mãe é uma verdadeira deusa. Se a Mãe não nos faz entender isso por compaixão, é possível compreender isso ? A ausência total de egoísmo é a prova convincente da divindade da Mãe. Um ser humano está cheio de ego. Todos os dias vemos centenas de pessoas se prostrando diante da Mãe e chamando-a de ‘deusa Lakshmi, Mãe do Universo’ etc. Se ela fosse um mero ser humano, ela estaria inchada de orgulho. Será que algum ser humano tem o poder de suportar tanta honra ?”. Agradecida, a Mãe olhou para Sarayubala, com os olhos cheios de graça.

 

Swami Vijnanananda, um apóstolo de Sri Ramakrishna, disse a um monge: "Um dia, o Mestre apareceu diante de mim e disse: 'Peshan, você só fala de mim e dá meu nome às pessoas (como mantra). Dê o nome dela [da Santa Mãe] também e fale sobre ela. Como as pessoas vão conseguir a liberação se não a conhecem ? Ela é a doadora da liberação.'" A partir daí, Swami Vijnanananda iniciaria seus discípulos com os mantras do Mestre e da Santa Mãe.

 

A Santa Mãe nunca leu a filosofia Vedanta, mas seus ensinamentos concordaram lindamente com as conclusões da Vedanta. Uma vez, Swami Arupananda perguntou a Santa Mãe: "Será que os Sannyasins (monges) que professam o ideal de Vedanta alcançam o nirvana (emancipação) ?". "Certamente", respondeu Santa Mãe. "Cortando gradualmente os laços de Maya, eles alcançarão o nirvana e se fundirão em Deus. Este corpo é, sem dúvida, o resultado do desejo. O corpo não pode viver a menos que haja um traço de desejo. Tudo chega ao fim quando alguém se livra completamente do desejo".

 

Em outra ocasião, a Santa Mãe estava conversando com Swami Arupananda e um devoto, Lalit. Em relação à vida espiritual, ela disse: "O caminho é extremamente difícil, como a ponta afiada de uma navalha." Ela fez uma pausa por um tempo, em seguida continuou: "Mas o Mestre manteve você em seus braços. Ele está cuidando de você.” Swami Arupananda: "Mas não estamos cientes disso." Mãe: "É por isso que todos vocês são miseráveis." Lalit: "O Mestre nos levará em seus braços após a morte. Há algo de bom nisso ? Se ele pudesse fazê-lo enquanto estamos vivos neste corpo, então seria bom.” Mãe: "Ele está segurando você em seus braços mesmo quando você está vivo neste corpo. Ele está acima do nosso entendimento. Realmente ele está segurando você.” Swami Arupananda: "Será que ele realmente nos segura ? É verdade ?”. A Santa Mãe disse firmemente: "Sim. Realmente. Verdadeiramente".

 

A Mãe também disse sobre Gauri-ma, que estava trabalhando para educar meninas. "Gaurdasi serve as meninas de todo coração em seu Ashrama. E quando elas estão doentes, ela dá banho nelas com as próprias mãos. Ela não fazia essas coisas quando estava com sua família, mas agora o Mestre está fazendo com que ela faça todos os tipos de karma, bom trabalho, porque este é o último nascimento dela."  Porque Sri Ramakrishna tinha dito, apontando para si mesmo. "Para aqueles que vêm aqui, será seu último nascimento." A Santa Mãe era onisciente e ela sabia o destino de cada indivíduo. Ela assegurou aos seus discípulos que o Mestre está sempre cuidando deles, aqui e de agora em diante.


(Continuaremos a narração da vida da Santa Mãe Sri Sarada Devi no próximo post)

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