Santa Mãe Sri Sarada Devi - parte 14

20.09.23 04:32 AM By Curitiba Centro Ramakrishna Vedanta

Na companhia das discípulas ocidentais

Compilador: Swami Prajnatmananda

Publicado em 22/09/2023  -  22:00

Este artigo é a transcrição de uma palestra ministrada pelo Swami Prajnatmananda.

No épico Mahabharata, Arjuna representa as almas em luta como nós. Ele foi incapaz de ver Sri Krishna como uma encarnação do Deus Supremo. Sri Krishna deu visão divina a Arjuna para que ele pudesse ver sua forma cósmica. Não é possível reconhecer a divindade de uma encarnação com o entendimento humano. Da mesma forma, pela graça da Santa Mãe, Swami Vivekananda percebeu a verdadeira natureza dela. Certa vez, ele comentou em Belur Math: “A Mãe é a encarnação da Deusa Bagala disfarçada como a Deusa Saraswati. Por fora ela é toda paz, mas por dentro ela é a destruidora do mal.” A Deusa Bagala representa um dos aspectos terríveis da Mãe Divina, como a destruidora de demônios ferozes. E a Deusa Saraswati é o aspecto benigno da Mãe Divina que concede a sabedoria divina. Swami Vivekananda faleceu em 4 de julho de 1902. Naquela época a Santa Mãe estava em Jayrambati. Quando ela recebeu esta notícia comovente, ela permaneceu em silêncio e chorou por três dias. Ela lamentou chorosamente, “Mestre, o senhor me pediu para ficar para trás para ver a morte de meus filhos ?”. Mais tarde, ela se recordaria: “O Mestre dizia: ‘Naren é a coroa da minha cabeça. Ele tem dois maus presságios em seu corpo. Primeiro, sua respiração é profunda e rápida; e segundo, ele come um pouco mais do que uma pessoa normal. Esses sinais indicam uma vida curta”. Em 1909, no Mosteiro de Koalpara, Swami Keshavananda disse à Santa Mãe: “Se Swamiji estivesse vivo hoje, quanto ele poderia ter feito por este país.” A Santa Mãe respondeu rapidamente: “Oh, querido, se meu Naren estivesse aqui hoje, a Companhia [o governo britânico] o deixaria em paz ? Eles o teriam trancado na cadeia. Vendo isso Eu não seria capaz de viver. Naren era uma espada desembainhada.” Naquela época, a Índia estava sob o domínio britânico e o movimento de libertação estava em pleno andamento. Muitos combatentes pela liberdade foram inspirados pela natureza destemida e pelas ideias vedânticas de Swami Vivekananda. É por isso que a Santa Madre temia que, se ele estivesse vivo, o governo britânico o prenderia sob algum falso pretexto. Um dia, no final de sua vida, Swami Vivekananda prosternou-se diante da Santa Mãe e disse: “Mãe, eu tenho certeza que com sua bênção no futuro nascerão muitos Narens e centenas de Vivekanandas se desenvolverão. E também tenho certeza de que neste mundo só existe uma Mãe como a senhora, não há outra”. Esta declaração de Swami Vivekananda é suficiente para entender a alta estima que ele tinha pela Santa Mãe.

 

Ao estudarmos a vida da Santa Mãe, vemos que ela viveu de acordo com a cultura da Índia antiga. Quando as devotas ocidentais de Swami Vivekananda conheceram a Santa Mãe, ficaram surpresas ao ver como ela vivia. Era difícil para eles acreditarem que uma mulher que usava apenas uma roupa, andava descalça, mantinha-se coberta com um véu e não tinha educação formal pudesse conduzir o ministério espiritual da Ordem Ramakrishna. Ela até participava das reuniões semanais da Missão Ramakrishna ! A vida da Santa Mãe é um ponto de encontro do antigo e do moderno. Ela nasceu em um pequeno povoado no século XIX e faleceu no século XX na cidade de Calcutá. Desde seu nascimento, ela era dotada de qualidades divinas, como pureza e modéstia, amor e afeição, devoção e humildade, piedade e compaixão, veracidade e simplicidade, paciência e perseverança, fé e tolerância, renúncia e discriminação, serviço e autocontrole, coragem e intrepidez. Depois que Sri Ramakrishna faleceu, ela assumiu a responsabilidade do ministério espiritual dos devotos, incluindo as devotas ocidentais. Ela pediu a seus discípulos que aprendessem inglês e incentivou as meninas a terem uma educação moderna. 


(Continuaremos a narração da vida da Santa Mãe Sri Sarada Devi no próximo post)

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