OS APÓSTOLOS DE SRI RAMAKRISHNA--PARTE-5

06.10.23 02:52 AM By Curitiba Centro Ramakrishna Vedanta

SWAMI TURIYANANDA

Compilador—Swami Prajnatmananda

PUBLICADO 30 DE JANEIRO DE 2021

Um buquê feito de flores de diferentes cores parece muito bonito. A irmandade dos discípulos monásticos de Sri Ramakrishna pode ser comparada a tal buquê. Cada apóstolo de Sri Ramakrishna era uma personalidade gigantesca, com qualidades únicas. Apesar de suas características individuais, encontramos todos eles em perfeita harmonia uns com os outros, enquanto serviam em prol do Movimento Ramakrishna. Hoje, vamos lembrar a vida sagrada de um desses apóstolos de Sri Ramakrishna, Swami Turiyananda.

 

Ele nasceu em uma família ortodoxa no ano de 1863, em Calcutá. Seu nome pré-monástico era Harinath. Quando ele tinha três anos, ele foi atacado por um chacal enfurecido. Sua mãe o protegeu, servindo de escudo. Em sua tentativa, ela mesma morreu da mordida do chacal. Assim, seu sacrifício supremo salvou a criança Harinath. Desde a infância, Harinath era regular na meditação e no estudo das escrituras sagradas. Ele era um completo monista ou advaitista em seu temperamento. Isso significa que ele sempre acreditava que ele era uno com a Realidade Suprema, Brahman. Ele foi profundamente influenciado pela vida e ensinamentos de Sri Shankaracharya e estava tentando moldar sua vida de acordo com isso. Uma vez, ele falou sobre sua dedicação desta forma: “Eu costumava observar silêncio absoluto durante o Navaratri (as nove noites de culto à Mãe Divina). Eu sentia uma espécie de intoxicação e a mente ficava concentrada. Eu fiz o que alguém tendo nascido um ser humano deveria fazer. Meu objetivo era tornar minha vida pura. Eu costumava ler muito, oito ou nove horas diariamente. Li muitos Puranas (mitologia) e depois Vedanta (filosofia); e minha mente finalmente se estabeleceu na Vedanta.” Certa vez, quando menino, ele estava tomando banho no Ganges e viu algo flutuando nas proximidades. As pessoas na margem gritaram para ele “Crocodilo ! Crocodilo ! Saia rápido !”. Ele correu em direção à margem, mas parou no meio do caminho com a água na altura dos joelhos e começou a pensar: “O que você está fazendo ? Você repete dia e noite, ‘Soham ! Soham !' (Eu sou Ele ! Eu sou Ele !). E agora, de repente, você esquece seu ideal e pensa que é o corpo ! Você devia se envergonhar !". Com esse pensamento, ele continuou a se banhar no Ganges. Felizmente, nessa altura o crocodilo desapareceu. O estudo da filosofia Vedanta o tornara ousado e destemido desde muito jovem.

 

O encontro com o mestre espiritual Sri Ramakrishna deu uma nova guinada na vida de Harinath. Ele recordou sua primeira visão de Sri Ramakrishna, descendo de uma carruagem, da seguinte forma: “Havia um brilho indescritível em seu rosto. Eu pensei: ‘eu ouvi nas escrituras sobre o grande sábio Shukadeva. É ele o mesmo Shukadeva ?”. O sábio Shukadeva é considerado o principal narrador da vida divina de Sri Krishna.

 

Como Harinath continuou a encontrar Sri Ramakrishna, ele aprendeu uma lição importante dele. Em seu zelo para observar o celibato absoluto ‘brahmacharya’, em um período ele desprezava as mulheres. Sri Ramakrishna o corrigiu dizendo: “Você fala como um tolo ! Desprezando as mulheres ! Por quê ? Elas são as manifestações da Mãe Divina. Curve-se diante elas com respeito. Essa é a única maneira de escapar de suas armadilhas”. O método de ensinar de Sri Ramakrishna sempre foi positivo. Em outra ocasião, o Mestre disse a ele: "Quanto mais você vai para o leste, mais longe você estará do oeste." Isso significa que quanto mais você aumenta seu amor por Deus, mais sua luxúria, raiva, ciúme e tais tendências inferiores diminuirão. Esses ensinamentos trouxeram mudanças permanentes na vida de Harinath.

 

Como mencionei, Harinath era um estudante sincero da filosofia Vedanta. Ele havia decorado o Bhagavad Gita e todos os principais Upanishads. Além de fazer um estudo aprofundado sobre estes, ele meditava em cada versículo dessas escrituras sagradas e tentava descobrir seu significado interior oculto. Um dia o Mestre disse a Harinath: “Eles dizem que você está estudando e meditando sobre a Vedanta atualmente. É bom. Mas o que a filosofia Vedanta ensina ? Brahman somente é real e tudo o mais é irreal. Não é essa a sua substância ? Ou há mais alguma coisa ? Então, por que você não desiste do irreal e se apega ao Real ?”. Tendo entrado em contato com Sri Ramakrishna, ele entendeu que estudar as escrituras apenas para aprender não tinha valor. Deve-se ter a realização das verdades mais elevadas seguindo os ditames de um Guru competente e comparando-os com as injunções escriturais.

 

Harinath ficou surpreso com a espontaneidade com que as histórias surgiram enquanto Sri Ramakrishna falava com os devotos. Então, ele perguntou: “Venerado Senhor, você prepara suas histórias antes de sair ?”. O Mestre respondeu: “Não. A mãe está sempre presente. Onde quer que eu esteja, a Mãe me abastece com idéias”. Quando Sri Ramakrishna estava sofrendo de câncer na garganta, Harinath perguntou a ele “Como vai você ?”. O Mestre respondeu: “Oh, estou com muita dor. Não consigo comer nada e sinto uma queimação insuportável na garganta”. Harinath sabia que um conhecedor de Brahman não tinha prazer nem dor. Ele disse: “O que quer que você diga, eu vejo você como um oceano infinito de felicidade”. Sri Ramakrishna sorriu e disse: “Este sujeito descobriu minha verdadeira natureza”.

 

Depois que Sri Ramakrishna abandonou seu corpo mortal, Harinath fez os votos monásticos juntamente com Swami Vivekananda e outros irmãos discípulos e assumiu o nome de Swami Turiyananda. Ele mergulhou em uma vida austera de mendicância e práticas espirituais. Ele era um mestre de seus sentidos. Sempre que ele se sentava para meditar, os problemas externos não podiam alcançar o santuário interior de sua mente. Ele dizia: “Quando me sento para meditar, fecho as entradas da minha mente e, depois disso, nada exterior pode chegar até lá. Quando eu as destravo, só então a mente pode perceber as coisas exteriores.” Em outra ocasião, ele disse: “Escreva em grandes caracteres nas portas de sua mente '‘entrada proibida’' - e nenhuma perturbação exterior irá incomodá-lo durante a meditação. É porque você permite que coisas externas o perturbem, que elas têm acesso à sua mente.” Lembrar essas palavras de Swami Turiyananda durante nossa meditação pode ser de grande ajuda para nós.

 

Durante esse período de mendicância, um pensamento começou a atormentá-lo. Ele pensava que todos estavam fazendo algo útil neste mundo, enquanto ele levava uma vida inútil e vagabunda. Ele não conseguia se livrar desse pensamento, por mais que tentasse. Em tal condição, ele adormeceu debaixo de uma árvore e teve uma visão. Nessa visão, ele se viu fora de seu corpo. Então ele viu seu corpo caído no chão. Depois disso, ele viu que seu corpo começou a se expandir em todas as direções. Ele foi se expandindo e expandindo até que ele parecia cobrir o mundo inteiro. Então ele sentiu uma voz interior: “Veja como você é grande, você está cobrindo o mundo inteiro. Por que você acha que sua vida é inútil ? Um grão da verdade cobrirá todo um mundo de ilusão. Levante-se, seja forte e realize a Verdade. Esse é o maior objetivo da vida.” Ele acordou e levantou-se de repente com uma nova esperança. Todo o seu desânimo tinha desaparecido.

 

Quando Swami Turiyananda estava hospedado na região do Himalaia, ele estava vivendo em uma cabana de palha que tinha uma porta quebrada. Uma noite ele ouviu os aldeões gritarem: “Tigre ! Tigre !”. Ele imediatamente colocou alguns tijolos atrás da porta quebrada para se proteger. Só então ele se lembrou de uma passagem do Upanishad:

 bhīshāsmād vātah pavate/

bhīshodeti sūryaha/ bhīshāsmād agnishchēndrasya/ mrityurdhāvati panchama iti/

“Por causa do seu medo, o Vento sopra. Por causa do seu medo, o Sol nasce. Por causa de seu medo o Fogo queima, como também Indra (o rei dos deuses) e a Morte, o quinto. (Katha-VI-4)”. Um vedantista deve ser destemido. Ele imediatamente chutou a pilha de tijolos para longe da entrada da cabana e sentou-se em meditação. No entanto, o tigre não apareceu.

 

Swami Vivekananda voltou do Ocidente e fundou a Missão Ramakrishna. No início, Swami Turiyananda não estava convencido sobre a nova organização e suas atividades de bem-estar social. Swamiji explicou a ele: “Irmão Hari, eu fiz um novo caminho e o abri para todos. Até agora, pensava-se que a liberação poderia ser alcançada apenas pela meditação, repetição dos nomes de Deus, discussão das escrituras e assim por diante. Agora, rapazes e moças alcançarão a libertação fazendo a obra do Senhor”.

 

Swami Vivekananda acreditava que a filosofia Vedanta era a mais racional e mais adequada para os buscadores da Verdade na era moderna. Então, ele iniciou Centros Vedanta no Ocidente para espalhar a mensagem da Vedanta. Uma vez ele disse a seus discípulos ocidentais: “Em mim, vocês viram a expressão do poder kshatriya (poder marcial ou espírito heróico). Vou enviar a vocês alguém que é a personificação das qualidades brâmana (com o poder do conhecimento divino), que representa o que um Brahmin, ou a evolução espiritual mais elevada do homem é.” Quando ele disse isso, na verdade ele tinha Swami Turiyananda em sua mente. Mas Swami Turiyananda não estava disposto a ir para o Ocidente para a obra de pregação. Swami Vivekananda o convenceu dizendo: “Irmão, você não vê que tenho dado minha vida, centímetro por centímetro, para cumprir a missão do Mestre, até que estou à beira da morte ? Pode você simplesmente ficar olhando e não vir em minha ajuda, aliviando-me de uma parte do meu grande fardo ?". Então Swami Turiyananda não pôde recusar as súplicas de seu líder. Quando ele finalmente concordou com a proposta de ir ao Ocidente para pregar a Vedanta, Swamiji disse a ele: "Não se preocupe em dar palestras. Você apenas viva uma vida exemplar. Seja um exemplo para eles. Deixe-os ver como vivem os homens de renúncia”. Swami Turiyananda começou seu trabalho Vedanta em San Francisco, Califórnia. Uma vez ele foi para Boston e tornou-se o convidado de uma senhora rica, que o ajudou com o trabalho da Vedanta lá. Infelizmente, ela era muito mandona. Uma vez, ela teve uma diferença de opinião com Swami Turiyananda e disse a ele: “Se você não aceitar meu ponto de vista, pararei de ajudá-lo”. Ele respondeu calmamente: “Eu sou um monge. Deus vai me ajudar. Não me importarei nem um pouco, mesmo que você me jogue nas ruas de Boston”. A senhora então percebeu seu erro e continuou a ajudá-lo.

 

Mais tarde, Swami Turiyananda mudou-se para um Centro de Retiro em Jose Valley e fundou o Shanti Ashrama. Lá ele treinou apenas buscadores sinceros da verdade, na maneira indiana Gurukula. Isso significa ficar na companhia de um mestre espiritual e aprender os segredos da Vedanta. Mesmo a fé de grandes personalidades às vezes é abalada quando dominada por muitos obstáculos. Devido à crise financeira e à falta de comodidades modernas, eles tiveram que enfrentar muitas dificuldades. Certa vez, desesperado, ele queixou-se à Mãe Divina: “Mãe, o que fizeste ? O que você pretende com isso ? Essas pessoas vão morrer. Sem abrigo, sem água – o que eles devem fazer ?”. Uma de suas discípulas, a Sra. Agnes Stanley disse imediatamente: “Swami, por que você está abatido ? Você perdeu a fé Nela ?". Dizendo isso, ela esvaziou sua bolsa no colo dele. Ele ficou muito feliz ao ouvir as palavras corajosas de sua discípula. Ele disse a ela: “Você tem razão. A Mãe vai nos proteger. Quão grande é a sua fé ! Seu nome daqui em diante será ‘Shraddha’, literalmente aquela que tem fé firme em Deus.

 

Alguém sugeriu a Swami Turiyananda que regras deveriam ser estabelecidas a fim de conduzir o Ashrama suavemente. Ele discordou dizendo: “Que haja liberdade, mas sem abuso. Essa é a maneira da Mãe de governar. Não temos organização, mas veja como somos organizados. Esse tipo de organização é duradouro, mas todos os outros tipos de organização terminam com o tempo. Esse tipo de organização torna a pessoa livre; todos os outros tipos são vinculativos. Esta é a organização mais elevada; é baseada em leis espirituais.” Ele odiava a procrastinação. Ele dizia: “Tudo o que você tem que fazer amanhã, faça hoje; o que quer que você tenha que fazer hoje, faça neste minuto.”

 

Todos nós falamos em fazer o bem ao mundo como o ideal mais elevado. Certa vez, ele lançou uma nova luz sobre este assunto enquanto conversava com seus discípulos ocidentais. “Vocês estão sempre falando em serem bons. Esse é o seu ideal mais elevado. Nós na Índia queremos mukti, libertação. Você acredita no pecado, então quer vencer o pecado sendo bom. Acreditamos que a ignorância é o maior mal, por isso queremos vencer a ignorância com jnana, sabedoria. E jnana é mukti. Jesus disse: “Conheça a verdade; e a verdade o libertará.”  Em outra ocasião, Swami Turiyananda disse: “Seja você mesmo e seja forte. A realização é apenas para os fortes, os puros e os corretos. Lembre-se de que você é o Atman. Isso dá a maior força e coragem. Seja corajoso; rompa a escravidão de maya. Seja como o leão; não trema com nada.” Quando questionado sobre como isso poderia ser realizado, ele respondeu: “Através da meditação. A meditação é a chave que abre a porta para a verdade. Medite! Medite! Medite! Até que a luz brilhe em sua mente e o Atman permaneça auto revelado. Não pela conversa, não pelo estudo, mas apenas pela meditação, a Verdade é conhecida”.

 

Sobre a leitura, Swami Turiyananda aconselhou a ler apenas livros escritos por homens de realização. Uma vez, ele encontrou uma aluna estudando um livro do ‘Novo Pensamento’. Ele disse a ela: “Vá até a fonte. Não perca seu tempo lendo as ideias de todo tolo que quer pregar religião”. Uma das alunas de Swami Turiyananda era mediúnica. Um dia ele a encontrou praticando a psicografia. Ela invocava os espíritos que já partiram para escreverem através dela. Ele ficou totalmente descontente com isso e disse a ela: “O que é essa tolice ? Você quer ser controlada por fantasmas ? Desista dessa tolice. Queremos mukti, liberação. Queremos ir além deste mundo e de todos os mundos. Por que você deveria querer se comunicar com os falecidos ? Deixe-os em paz. É tudo maya, ilusão. Saia de maya e seja livre !”.

 

Swami Turiyananda trabalhou muito duro no Shanti Ashrama e precisava desesperadamente de uma mudança para melhorar sua saúde. Ele também estava muito ansioso para ver Swami Vivekananda. Então, ele decidiu fazer uma visita à Índia. Em 1902, antes de iniciar a viagem marítima para a Índia, ele disse a seu discípulo Gurudas, Swami Atulananda: “Dependa da Mãe Divina para tudo. Confie Nela e Ela o guiará. Lembre-se de uma coisa; nunca mande em ninguém. Olhe para todos da mesma forma, trate todos da mesma forma. Sem favoritos. Ouça tudo e seja justo com todos.” Em Rangoon, durante a viagem, ele soube que seu amado irmão discípulo havia falecido. Ele ficou tão abatido que jogou fora no oceano suas caras roupas ocidentais, relógios caros, etc. e decidiu nunca mais voltar para o Ocidente. Enquanto esteve na Índia, ele nunca se gabou de seu trabalho nos Estados Unidos. Se alguém o elogiasse, ele diria: “O Mestre faz seu próprio trabalho, somos apenas seus instrumentos”.

 

Depois de retornar do Ocidente, Swami Turiyananda moveu-se principalmente em Almora, Dehradoon etc. na região do Himalaia, realizando severas austeridades. Transcendendo a ideia do corpo e esquecendo-se da comida e das roupas, ele permaneceria absorto no pensamento de Deus. Enquanto ele visitava o templo sagrado de Sri Jagannatha em Puri, ele viu Sri Ramakrishna com uma guirlanda de flores em volta do pescoço descendo os degraus em sua direção. Swami Turiyananda avançou e prostrou-se. Mas quando ele estendeu as mãos para tocar os pés do Mestre, ele não conseguiu mais vê-lo. Então ele se lembrou de que o Mestre não estava mais vivendo no corpo físico. Em Puri, Swami Turiyananda teve outra experiência mística. Ele disse mais tarde sobre esta: “No templo de Jagannatha em Puri, de repente um som chegou aos meus ouvidos e meu coração se encheu de grande alegria; tanto que eu senti como se estivesse andando no ar. O som continuou em várias notas musicais. Toda minha mente se sentiu atraída. Então me lembrei do que tinha lido sobre anāhata dhvani, o som cósmico, e pensei que deveria ser este.” Onde quer que ele fosse, ele também ensinava Vedanta para os buscadores sinceros. Eles vinham até ele para orientação espiritual e estudos das escrituras. Todos eles também desfrutavam de sua santa companhia. Isso nos lembra um provérbio: “Quando um asno encontra outro asno, eles dão coices um no outro; e quando um homem santo encontra outro homem santo, eles só falam sobre Deus.” Quando ele estava em qualquer um dos mosteiros, ele dava aulas sobre as escrituras ou inspirava as pessoas por meio de conversas para uma vida mais elevada. Ele era um grande conversador. Mas sua conversa era sempre repleta de grande fervor espiritual. Em suas palavras fluíram citações do Gita, Upanishads e os ensinamentos de grandes santos. Uma vez ele foi questionado sobre como sua conversa era tão espontânea e de alto nível de qualidade espiritual. Ele respondeu: "Bem, desde a minha infância, tenho vivido essa vida intensamente."

 

Ele não sabia o que era medo. Em certa época, a polícia estava atrás de muitos monges que moravam no norte da Índia, confundindo-os com os revolucionários. Durante esse período, um policial de alto escalão seguia incógnito o Swami Turiyananda. O policial perguntou se ele tinha medo da polícia. Ao ouvir essas palavras, Swami Turiyananda parou imediatamente, olhou para ele com os olhos emitindo fogo, por assim dizer, e disse: “Eu não temo nem mesmo a Morte, por que deveria temer qualquer ser humano ? Em toda a vida não cometi nenhum crime, que motivo tenho para temer a polícia ?”. As palavras foram pronunciadas com tanta força e firmeza que o homem pareceu pequeno. Ele ficou tão impressionado com a grandeza da personalidade que estava diante dele, que tocou os pés de Swami Turiyananda e se desculpou. Posteriormente, ele se tornou seu admirador e devoto.

 

Ao comparar Sri Ramakrishna com Sri Shankaracharya, o principal expoente da filosofia Advaita, Swami Turiyananda disse: “Shankaracharya ensinou apenas uma fase, como obter a liberdade, o nirvana. Nosso Mestre primeiro fazia a pessoa livre e depois ensinava como a pessoa deveria viver no mundo. Seu mero toque tornava a pessoa livre. Mas aqueles que seguem as suas instruções também se tornarão livres. Suas palavras têm grande shakti (poder). Seja livre primeiro. Elimine o nome, a forma e o universo inteiro. Então veja a Mãe em tudo. Então seja seu companheiro de brincadeiras.”

 

Swami Turiyananda teve abscessos em seu corpo e teve que ser operado várias vezes. Curiosamente, ele nunca permitiu que os cirurgiões usassem anestesia. Ele era um iogue com perfeito controle sobre sua mente. Ele simplesmente retirava sua mente do corpo durante a cirurgia e não mostrava nenhum sinal de dor física.  Embora Swami Turiyananda tenha passado toda a sua vida em práticas espirituais intensas na forma de meditação e contemplação, ele costumava dizer: “Se alguém serve aos enfermos e aflitos com o espírito correto, em um único dia pode-se obter a mais elevada realização espiritual.” Mesmo em seu leito de morte, ele exortou um discípulo inexperiente com as palavras: “Não duvide. Faça o trabalho iniciado por Swami Vivekananda com o espírito correto. Disso mesmo virá o Samadhi ou qualquer outra realização espiritual suprema. Não tenha dúvida.”

 

Na noite anterior à sua morte, Swami Turiyananda disse aos seus assistentes: “Amanhã é o último dia”. Quando o fim se aproximou, ele cantou: "Om Ramakrishna, Om Ramakrishna !". Em seguida, pediu ao atendente que o ajudasse a se sentar. Com as mãos postas, ele saudou Sri Ramakrishna e bebeu um pouco de água sagrada. Ele então resumiu a experiência de sua vida da seguinte forma: “Tudo é real. Brahman é real. O mundo é real. O mundo é Brahman. A força vital está estabelecida na Verdade. Salve Ramakrishna ! Salve Ramakrishna ! Diga que ele é a personificação da Verdade e a personificação do Conhecimento. ‘Satyam jnanam anantam brahma” (Brahman é Verdade, Conhecimento e Infinito) e lentamente fechou os olhos como se estivesse fundindo em Brahman. Assim, Swami Turiyananda entrou no estado transcendental para sempre, no ano de 1922. O nome Swami Turiyananda significa literalmente “bem-aventurança transcendental”. Ele experimentou aquela felicidade e a compartilhou com todos. Ele foi um verdadeiro místico e silenciosamente transformou muitas vidas no Oriente e no Ocidente. Swami Turiyananda foi de fato um despertador de almas. Sua mensagem inflamada para seus alunos foi: “Cerre os punhos e diga: Eu vencerei ! Agora ou nunca - faça disso o seu lema. Mesmo nesta vida, devo ver Deus. Essa é a única maneira. Nunca adie”.

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